Checklist de Inspeção: A folha de verificação que você precisa
O que é um checklist ou folha de verificação de inspeção? Há algumas semanas atrás escrevi um post (clique aqui) sobre inspeção dentro do processo de manutenção. Escrevi especificamente sobre um tipo de inspeção, que é a sensitiva.
Como o nome sugere, a Inspeção Sensitiva é aquela que usa os sentidos (audição, olfato, tato e visão).
Nele eu escrevi que para cada equipamento deve haver (pelo menos) uma folha de verificação. Agora vamos falar mais sobre o que são as tais folhas de verificação de inspeção.
Checklist é sinônimo de “Folha de Verificação”
O conceito de “Folha de verificação” é muito simples, porém de uma aplicabilidade tremenda. Veja este exemplo simples que demonstra que os checklists estão no nosso dia a dia: uma lista de compras de supermercado é um exemplo de folha de verificação. A medida que você vai colocando as compras no carrinho você vai marcando aquele item na lista, uma marca de conformidade.
Outra coisa interessante a respeito de Listas de verificação é que elas são uma das sete ferramentas da qualidade. As outras seis, e algumas delas já apareceram aqui no blog, são:
- Diagrama de Pareto;
- Diagrama de Ishikawa;
- Histograma;
- Gráficos de dispersão;
- Fluxograma;
- Cartas de Controle.
Me permitam uma divagação e um momento cultural aqui no blog (rsrsrs). Normalmente associamos as sete ferramentas da qualidade com o Japão. Existe outra associação entre o número sete o o Japão. É o filme japonês chamado “Os Sete Samurais”, que não tem relação nenhuma com manutenção, listas de verificação ou outras ferramentas da qualidade, mas para que gosta de filmes clássicos é um boa pedida. Recomendo!
Passadas as divagações…
Vamos voltar ao tema deste post, que é o uso de checklists na inspeção sensitiva. Vamos falar agora sobre as características deles. O formulário de uma lista de verificação deve possuir, pelo menos, os seguintes campos ou informações:
- Nome do equipamento e/ou instalação;
- Data da inspeção;
- Itens a serem verificados, de preferência com o critério de conformidade a ser verificado;
- Campo para anotação de desvios (potenciais problemas), os quais deverão ser posteriormente tratados pela manutenção.
Vejam o modelo abaixo, gentilmente cedido pelo consultor Leonardo Santos Araujo da Silva.
Detalhes da folha de verificação
Não se preocupe se o modelo acima pareceu complicado, vou explicar e você vai ver que não é complicado não.
Primeiro, este modelo de folha de verificação é para uma instalação de britagem.
Esta instalação possui os seguintes equipamentos: silo, alimentador vibratório, grelha e britador, conforme consta na primeira coluna da esquerda. Não se preocupe se você não sabe o que são estes equipamentos, isto não comprometerá seu entendimento.
Cada equipamento é dividido em sistemas (segunda coluna). A grelha, por exemplo, está dividida em estrutura, acionamento e chute de descarga. Não se preocupe se você não sabe o que é um “chute”, isto também não vai atrapalhar sua compreensão.
Para cada sistema de um equipamento existe a relação de itens a serem verificados. Veja a lista de verificação específica da grelha abaixo.
Os itens a serem verificados estão descritos na terceira coluna da esquerda para a direita.
Na coluna seguinte existe a opção de marcar “Sim” ou “Não”. O “Sim” significa que foi verificado um problema ou desvio. Detalhes do problema e sugestões de ações são colocadas na coluna a direita
Agora, atente para o primeiro item do acionamento da grelha. Existe um campo para se colocar a temperatura máxima permitida para o mancal. Este item apresenta um critério de conformidade a ser objetivamente verificado.
O uso dos checklists faz com que as inspeções tenham um critério único de execução. Sem lista de verificação, a inspeção sensitiva se torna um processo muito pessoal de cada inspetor, ou seja, cada um faz como acha que deve ser, sem nenhum padrão que possa ser controlado, gerenciado e aprimorado.
Como inspecionar
Agora que você já sabe como é uma folha de verificação, seguem umas dicas de como utilizá-la.
1ª Dica – Rota de Inspeção
Os equipamentos (ou instalação) devem ser inspecionados de acordo com uma rota de inspeção.
Para garantir que todos os equipamentos sejam inspecionados devem haver rotas de inspeção. Para cada dia deve haver uma rota, ou seja, uma sequência diferente de equipamentos a serem inspecionados. A soma de todas as rotas deve abranger todos os equipamentos.
2ª Dica – Diferentes tipos de checklists
Um mesmo equipamento pode ter diferentes checklists. Ele pode ter uma folha para a parte mecânica e outro para a parte elétrica. Ele também pode ter listas de verificação para serem usados quando o equipamento está “em funcionamento” (veja figura acima) ou quando está parado. As rotas de inspeção devem contemplar o uso destes diferentes tipos de folha.
3ª Dica – Além dos sentidos use alguns instrumentos básicos
Você notou que no modelo de checklist acima se pede que a temperatura de certos componentes dos equipamentos sejam medidas? Mas que história é esta?!?! Na inspeção sensitiva não se usa só os sentidos? Pode-se usar alguns equipamentos portáteis também. Além disso, alguns equipamentos já possuem instrumentos que podem ser lidos pelo inspetor durante a verificação.
Para medição de temperatura usa-se termômetros infravermelhos, que mais parecem pistolas de raios dos filmes de ficção científica. É só apontar o raio infravermelho para o local que se quer medir a temperatura e apertar um gatilho.
O uso deste de termômetros infravermelhos e outros abre caminho para no futuro implantar-se uma inspeção preditiva, ou incluir instrumentos na rotina de inspeção.
A Inspeção Preditiva monitora os equipamentos através de medição de vibração, ultrassom e outros. Os dados coletados são analisados para determinar o estado do equipamento.
4ª Dica – Continuidade e aprimoramentos
Nenhum processo sobrevivi e dá resultados consistentes ao longo do tempo se ele não for usado continuamente. Com a inspeção sensitiva é assim.
Com o uso contínuo da inspeção sensitiva ocorrerão problemas que deveriam ter sido antecipados, mas não foram. Não procure o culpado desta falha, mas sim a causa dela. Usualmente você pode bloquear a repetição dela inserindo um ou mais itens no checklist.
Isto significa que a folha de verificação é um documento “vivo”, ou seja, passível de revisões e aprimoramentos. Atente que no modelo acima existe um campo de revisão (canto superior direito).
5a Dica – Treine continuamente os inspetores
Nenhuma pessoa nasce inspetora, ou seja, os profissionais selecionados para atuarem como inspetores devem ser continuamente treinados, especialmente quando a folha de verificação é revisada para bloquear a repetição de uma falha de inspeção.
Espero que tenham gostado do post. Numa próxima publicação falaremos como tratar os desvios, ou seja, como tratar os problemas detectados numa inspeção.
Encontro vocês lá.
Excelente! Lembrei dos checklists dos aviões, não podem falhar, assim tem que ser, para um bom desempenho no trabalho.
Simples e muito útil.
Perfeito!
Muito comum, principalmente em rotinas de turno, a execução de rotas de inspeção sem critérios e padrões definidos. Muito simples, vou fazer um piloto!
Alexandro, boa noite!
Sou Técnico em Segurança do Trabalho e preciso de um modelo de Check list para Termoformadoras EPS, tem como me ajudar?